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quarta-feira, 19 de maio de 2010

Ásana, com a mente aberta

por João Paulo, o embaixador Zen People/ RJ

Um conceito que eu pude rever no curso do Kaivalyadhama Yoga Institute foi o de ásana – posições psicofísicas do yoga. Em alguma medida, fui com uma expectativa de encontrar uma prática fisicamente avançada, já que tinha me inscrito no Advanced Teachers Training Course. A primeira coisa que eles disseram na abertura do curso foi o que seria realmente avançado: o aspecto vivencial de cada técnica. Mesmo assim, a ficha só foi cair nas semanas finais de curso. Devo ter pensado comigo: tudo bem que vou mergulhar mais na minha vivência de ásanas, mas é claro que faremos uma prática vigorosa, desafiadora (fisicamente). Muito pelo contrário. Era quase tudo “shanai, shanai“, como dizia nossa instrutora de ásanas quando queria que voltássemos de um ásana de forma suave, controlada.

Para começar o descondicionamento, depois de cada ásana fazíamos um ásana de relaxamento. As permanências eram longas, sim, mas sempre com a indicação de que eles fossem praticados effortlessly, sem esforço. Após as primeiras práticas, eu já me sentia meio insatisfeito, pensando comigo: “Droga, investi os tubos pra vir até aqui fazer essas práticas mamão com açúcar…”. Mas vi que com a regularidade na prática, que disciplinadamente fazíamos duas vezes ao dia, mesmo essa forma suave de se praticar tinha efeitos poderosos. Pude senti-los até mesmo sobre minha flexibilidade e força, que não são os fins imediatos da prática. E como todos os dias fazíamos basicamente uma mesma sequência de ásanas – com algumas variações e adaptações – fui vendo a gradual e sutil evolução que aquela forma de praticar também trazia.

A verdade é que aqui no ocidente os métodos mais populares são geralmente aqueles cuja prática física é bastante intensa. As pessoas buscam juntar o exercício do corpo com o da mente. Tomemos cuidado para que quem esteja praticando sejamos nós mesmos, e não nossos egos. Porque se é o ego quem pratica, se machucar sem perceber fica fácil, fácil. Uma prática de ásanas intensa fisicamente é, entretanto, apenas uma das formas de se praticar. De forma suave ou intensa, as duas formas são válidas, enquanto seja mantida a proposta original do yoga, a do auto-conhecimento.

Afinal, praticamos ásana para poder meditar melhor, sem que o corpo reclame. Existem, sim, efeitos energéticos mais sutis que podem resultar da prática de alguns ásanas, mas sua função é quase sempre produzir uma purificação física e sutil e/ou algum fluxo de energia específico. Aí voltamos ao mesmo ponto: isso ajudará na conquista de estados expandidos de consciência (meditação!).

Mesmo se você já mantém uma prática constante de ásana, considere a possibilidade de encontrar também uma técnica de meditação com a qual você se sinta bem, e com a qual você tenha facilidade em aquietar sua mente. Adote-a como rotina. Vai fazer muita diferença, pode ter certeza!

Fotos:
1. Eu e Mrs. Sandhya, nossa instrutora de ásanas.
2. Linda estátua de Shiva no por do sol à beira do Ganges, no Ashram Parmath Niketam


Texto publicado originalmente no Blog do João Paulo.
www.joaopaulopereira.com


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