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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

As sacolas plásticas e a sustentabilidade

por Tatiane Rangel

Há um século o plástico era visto como a melhor opção por possuir características que hoje o torna um dos maiores vilões do Planeta Terra. Ser flexível, impermeável, resistente e pouco reativo a produtos químicos deixou de ser qualidade da matéria-prima e tornou-se uma grave ameaça ao meio ambiente ao longo do tempo com seu uso excessivo.

Com a sustentabilidade em alta, as embalagens plásticas tradicionais perderam espaço para os modelos ecológicos nos últimos anos. Em três anos houve uma queda de 15% na produção das sacolas plásticas.

As sacolas de plástico levam pelo menos 300 anos para se decompor no meio ambiente. Em todo o mundo são produzidos 500 bilhões de unidades a cada ano, o equivalente a 1,4 bilhão por dia. No Brasil, a principal alternativa são as sacolas de plástico oxibiodegradáveis. Elas vêm com um aditivo químico que acelera a decomposição em contato com a terra, a luz ou a água. O prazo de degradação é até 100 vezes menor - ou seja, uma sacola passa a levar apenas três anos para se decompor. No Paraná o governo já distribui gratuitamente essas sacolas.

Em São Paulo o projeto de lei determinando o uso de sacolas oxibiodegradáveis foi vetado pelo governador José Serra. Segundo o governo o aditivo que faz com que o plástico se degrade continuaria contaminando o ambiente por causa dos catalisadores empregados, derivados de metais como níquel e manganês. Nem Inglaterra nem Canadá, países que desenvolveram este aditivo oxidegradável, adotaram a tecnologia.

No Rio de Janeiro a fiscalização da lei que estimula o fim do uso das sacolas plásticas descartáveis em supermercados de médio e grande porte funciona desde o dia 16 de julho. Pioneira no país, a nova regulação oferece aos supermercados três opções: dar um desconto de três centavos a cada cinco itens comprados sem o uso de sacola plástica; trocar cada 50 bolsas retornadas por um quilo de alimento da cesta básica ou fornecer bolsas reutilizáveis. Os estabelecimentos também terão que exibir uma mensagem educativa que ensina ao consumidor que as sacolas plásticas levam até 100 anos para se decompor e estimula a sua substituição por sacolas reutilizáveis.

Quem quiser reclamar do descumprimento da lei, pode ligar para o INEA (Instituto Estadual do Ambiente) no telefone (21)2332-4604.
Mesmo antes do início fiscalização, segundo o INEA, no período de adaptação à lei, 600 milhões de sacolas de plástico deixaram de ser utilizadas. Entretanto, os fabricantes de sacolas argumentam que a medida cortará empregos no setor e os donos dos supermercados dizem que o custo de adaptação pode ser repassado ao consumidor.

Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Embalagens Plásticas Flexíveis (Abief), no Brasil, apenas em um mês um bilhão de sacolas são usadas para embalar produtos em lojas e supermercados. Deste número, 90% vão parar no lixo. Mas o cenário já foi pior: há quatro anos o país consumia três bilhões de unidades por mês com a mesma taxa de descarte.

O consumo de sacolas plásticas cai a cada ano no Brasil. Em 2007, foram produzidas 17,9 bilhões de unidades. Em 2008 foram 16,4 bilhões - 8,4% a menos. Já em 2009, 15 bilhões, uma queda de 16%. Neste ano de 2010, a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) estima uma diminuição de 20%. Segundo a Abief as campanhas contra o plástico afetam muito a indústria. O segmento de sacolas descartáveis representa 14% dos negócios do setor. Sem alternativa, os fabricantes começam a se reciclar. Materiais oxibiodegradáveis, hidrossolúveis e biodegradáveis, que se dissolvem na natureza de 3 a 36 meses, ganham terreno na mesma velocidade com que o plástico tradicional perde mercado. No ano passado, representaram negócios de cerca de 100 milhões.

De acordo com empresas que fabricam polímeros de baixo impacto ambiental, as sacolas ecológicas já representam 18% das embalagens flexíveis produzidas no Brasil. Os compostos quando acrescentados à fórmula básica do plástico aceleram a decomposição dos polímeros em até 400 vezes. Ou seja, as sacolas aditivadas são absorvidas pela natureza em até três meses - contra mais de 100 anos da embalagem comum.

O papel e o papelão também estão em alta entre as opções de substituição ao plástico comum. Os fabricantes brasileiros de embalagens garantem que as sacolas de papel representam cerca de 70% dos produtos mais procurados. Há uma tendência das lojas, exceto os supermercados, de migrar para esta solução.

Na busca por tornar as empresas mais sustentáveis, o preço é o maior impedimento para a troca das sacolas tradicionais por opções menos agressivas ao ambiente. Cada unidade do plástico comum custa em média 2 centavos de real. Uma embalagem oxibiodegradável custa em média 20% mais. Já uma embalagem de papel é 85% mais cara.


Conheça alguns dos substitutos ecológicos das sacolas plásticas poluentes:


Papel certificado
O selo do Forest Stewardship Council (FSC) assegura que o material da sacola vem de manejo sustentável das florestas. Isso significa preservação, extração responsável de matéria-prima e ajuda no desenvolvimento das comunidades envolvidas no processo.

Papel reciclado
Existem dois tipos: o pré-consumo, no qual a matéria-prima vem de resíduos de fábricas antes de chegar ao mercado (como as aparas) e o pós-consumo, que usa material descartado (como embalagens longa-vida). O segundo tipo ajuda a retirar lixo da natureza por meio de coleta seletiva e da ação de cooperativas de catadores.

Plástico Biodegradável
São feitos a partir de substâncias orgânicas, como milho, cana e batata. Se descartado, o plástico desaparece na natureza em questão de meses. A degradação ocorre pela ação de micro-organismos. No entanto, na ausência de oxigênio (caso seja enterrado, por exemplo), a decomposição gera gás metano, que contribui para o efeito estufa.

Plástico Oxibiodegradável
Um aditivo acelera em até 400 vezes a dissolução do plástico tradicional -com a ação de luz, calor e umidade, reduz o tempo de 100 anos para 3 meses. Em uma segunda fase, micro-organismos terminam o processo e deixam como resíduos apenas dióxido de carbono e água.

Plástico Compostável
É um tipo de plástico biodegradável com base vegetal que se comporta como matéria orgânica comum. É produzido para ser usado no processo de compostagem, para a obtenção de húmus e adubo.

Confira agora o tempo médio de decomposição dos resíduos na natureza:
Papel: 3 a 6 meses
Palito de madeira: 6 meses
Cigarro: 20 meses
Nylon: mais de 30 anos
Chiclete: 5 anos
Tecido: 6 meses a 1 ano
Fralda descartável comum: 450 anos
Lata e copos de plástico: 50 anos
Tampas de garrafa: 150 anos
Isopor: 8 anos
Plástico: 100 anos
Garrafa plástica: 400 anos
Pneus: 600 anos
Vidro: 4.000 anos
Fralda descartável biodegradável: 1 ano
Sacolas biodegradáveis: em média 18 meses



No site Zen People você encontra várias opções de ecobags (sacolas retornáveis) para facilitar o seu dia-a-dia.

Confira: www.zenpeople.com.br

Um comentário:

  1. Muito bom ver matérias assim. Eu faço sacolas Retornáveis de tecido 100% reciclado de garrafas plásticas. (recycle bags) É um tecido forte, resistente e com a proposta de reaproveitamento de lixo. Mas as pessoas ainda são descrentes de que se deve ter atitudes mais preocupadas com o meio ambiente. São poucos os que abraçam as alternativas como saídas viáveis para o lixo que geramos. Mas de passo em passo seguimos nosso caminho, alertando e fazendo uma pequena parte nesse caminho de evolução.

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